BALAS ‘CERTEIRAS’ MATAM CRIANÇAS NO RIO. A QUEM INTERESSA?
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Duas crianças mortas, atingidas por tiro no último fim de semana: a menina Larissa, 4 anos, e o menino Asafe, 9. Desta feita, os defensores da morte, digo, da pena de morte, e da redução da maioridade penal, sobretudo em programas policialescos da TV, não puderam levantar a hipótese de que as crianças tivessem “alguma ligação com o tráficoâ€. Não puderam fazê-lo por dois motivos: primeiro, pela idade tenra das crianças; e segundo, pelo local em que foram atingidas, em companhia dos pais. Se as duas crianças tivessem, digamos, onze anos, e se as balas as tivessem atingido, digamos, numa “comunidadeâ€, aà não tinha escapatória. Como sempre, a hipótese, quando não a suspeita, seria levantada.
Diante da impossibilidade no caso das duas crianças, os arautos da morte resolvem se somar à comoção geral, realçando, com semblante contrito, o desespero das mães. Isto até que outra bala “certeira†(a bala costuma escolher os lugares para se perder) acerte a próxima criança.
Já pensei que isso decorresse de irracionalidade. Não penso mais. Tudo indica que se trata de uma racionalidade inconfessável, perversa. É assim porque querem que seja assim mesmo.
Só falta perguntarmo-nos: a quem interessa que a matança na periferia continue? A quem aproveita a continuidade da “guerra às drogas� Pesquisadores e jornalistas são convidados a responder.
É triste este tipo de comparação, desculpe sair um pouco do assunto Professor, mas escutando a rádio hoje ouvi que a mãe do jovem, morador da Zona Sul, estudante da UFRJ morto em um assalto covarde teve um encontro com o secretário de segurança para propor ações que visem reduzir a violência na região, inclusive com a instalação de uma cabina em frente ao campus. Ele a recebeu pessoalmente. Alguém viu o mesmo secretário em um encontro com a famÃlia das crianças mortas nas zonas Oeste e Norte? Alguma nota oficial, pronunciamento do Governador com relação ao caso, alguma ação que vise a redução da violência nas regiões?
Caro Eron,
Numa sociedade hierárquica e elitista como a nossa, é assim mesmo. No dia do ato contra a violência que se seguiu à morte do estudante, a mãe, num momento de dor e revolta, disse: “Cadê o Secretário de Segurança aqui? Se o Beltrame aparecer aqui eu dou na cara dele”.