“GENTE, EU NÃO SOU RACISTA!â€
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A jovem paulistana X, de um escritório de advocacia, postou no Twitter o seguinte: “Nada contra, mas na estação do Brás abrem a porta da senzala, sou o contraste do vagãoâ€. No dia seguinte (09/01/2016), em virtude da repercussão negativa nas redes sociais, posta: “Gente, eu não sou racista, fiz um comentário apenas. Tenho familiares negros e amigos. Já até apaguei o mal entendidoâ€. (Cf. brasilpost.com.br).
Ora, por que não assume o que disse, se é o que pensa? Com certeza, não é com receio da lei antirracismo, que é mera ficção. Muito mais, é o temor de ser chamada de racista. Aliás, é sintomático no Brasil que as pessoas se ofendam menos com o xingamento à genitora do que com a pecha de racista, mesmo o sendo.
A jovem não está sozinha, tanto no desconforto com a presença de negros por perto quanto nas racionalizações usadas pelos que negam atitudes como as dela. Se o Twitter comportasse mais de 140 caracteres, a jovem talvez acrescentasse alguns dos carcomidos chavões usados  para “provar†que não se é racista: “Minha melhor amiga é negraâ€; “Na minha famÃlia, dizem que a bisavó da minha bisavó possuÃa traços negrosâ€; “A empregada come na mesa com a genteâ€; “Racismo é coisa de americano; aqui é tudo misturado, da cor ‘brasileira’ â€; “Quem não tem um pouco de sangue negro?â€; “Para mim, o que importa é o ser humano, e não a corâ€; “Os negros é que estão sendo racistas, se fazendo de vÃtimasâ€, e por aà vai. Ufa! Haja paciência.
Gente, para com isso. De que adianta encobrir o sol com a peneira? Temos um problemão não resolvido, e pronto, a ser enfrentado por todos os brasileiros. Que a jovem reflita sobre o ocorrido; que proclame na sua conta do Twitter: “O Brasil não é uma democracia racialâ€. Afirme que há negr@s e branc@s no paÃs, ou melhor, pessoas com identidade branca e pessoas com identidade negra; e pessoas de identidade “indefinidaâ€, ou dupla, uma ou outra a ser exibida de acordo com a ocasião. Como um coringa.