EXÉRCITO NA MARÉ (VI): Para que o cabo Mikami morreu?
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Esta é a sexta postagem sobre as complicações e dúvidas em relação à ocupação da Maré. Publico-a em razão do ocorrido ontem, 28/11/14. O cabo do Exército Brasileiro Michel Mikami, na flor da juventude, foi morto por traficantes com tiro na cabeça. É possÃvel que agora, diante da dura realidade, haja espaço para o bom senso, pois aconteceu com o jovem militar o que acontece praticamente toda semana com jovens PMs, à s vezes com a morte de dois, três ou mais, fato que parece naturalizado pela sociedade. Será que alguém acredita mesmo que se vá resolver a intrincada questão das drogas dessa forma? Que se vá acabar com o tráfico acabando com os traficantes? Que a paz pública se persegue com os princÃpios da guerra? E as responsabilidades por tantas mortes?…
Republico abaixo uma das cinco postagens anteriores, de 14/04/14, quando se noticiou outra “primeira morteâ€. Se houver interesse, vão, após o texto, os links das demais.
EXÉRCITO NA  MARÉ (IV): A naturalização da morte no Brasil , e dúvidas
A morte de uma pessoa na Maré em confronto com os militares foi noticiada como sendo a primeira (O Dia, O Globo, Veja, Estadão). Na capa de O Globo deste domingo, por exemplo (13/04), lê-se: “Na Maré, o 1º morto em confronto com o Exército†/ “Jefferson Rodrigues da Silva, de 18 anos, foi morto a tiros por militares na Maré. O Exército diz que o jovem atirou contra a patrulha ao ser abordado. Revoltados, moradores da favela fecharam a Linha Vermelha por alguns minutos.â€
No interior da matéria (p. 30), outra informação chama a atenção: “Quatro militares da Força de Pacificação que participaram do confronto se apresentaram na 21ª DP (Bonsucesso) para prestar depoimento. Eles estavam escoltados pela PolÃcia do Exércitoâ€.
Bem, sobre a naturalização da morte, há que perguntar: por que “o 1º morto� Por que não se noticiou um morto? Esperam-se mais mortos? Trata-se de espanto, lamento ou o quê? De contagem regressiva?
Dúvidas. Se realmente, como noticiado nos jornais, ‘o jovem atirou contra a patrulha ao ser abordado’ por militares do Exército em missão da Força, em área sob controle militar, e morreu no confronto, a ação estaria legitimada. Se as coisas não se passaram exatamente assim, como alegam moradores, as apurações, da PC e do Exército, dirão. Em qualquer das hipóteses, no entanto, há que perguntar: trata-se ou não de assunto da esfera militar?
Em qualquer das hipóteses, no entanto, há que perguntar: trata-se ou não de assunto da esfera militar? E o decreto que, segundo a imprensa, seria assinado pela presidente autorizando a atuação das Forças Armadas no espaço que contém a Maré? Todos esperavam o decreto para conhecer as condições em que o emprego se daria. Imaginava-se que seria decretado Estado de Defesa, como admitido pela Constituição, o que certamente evitaria dúvidas, sobretudo no que concerne às restrições de direitos constitucionais, e protegeria os militares. (Penitencio-me se estiver errado, pois não consegui acesso ao texto do decreto, se é que foi realmente expedido).
Bem, inocente ou bandido, morreu mais um brasileiro na flor da idade, numa “guerra†sem sentido.  Há quem ache pouco.
(abril 14th, 2014)
Links das outras postagens:
I – http://www.jorgedasilva.blog.br/?p=5257
II- http://www.jorgedasilva.blog.br/?p=5281
III- http://www.jorgedasilva.blog.br/?p=5286
V- http://www.jorgedasilva.blog.br/?p=5413