SÃO GONÇALO, A FUSÃO, A SEGURANÇA E O ASSASSINATO DA JUÃZA
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Lê-se em chamada de primeira página do jornal O Globo deste domingo (14/08/2011), no contexto da divulgação do assassinato da juÃza PatrÃcia Acioli: “São Gonçalo tem muita violência e pouca polÃciaâ€. A matéria mostra o abandono e as precarÃssimas condições estruturais da segurança pública e da justiça criminal dessa cidade (agora, o TJ anuncia que a juÃza será substituÃda por três juÃzes, com “segurança reforçada”…). Mostra ainda que a cidade possuÃa dois batalhões, tendo perdido um deles e permanecido com apenas um, esvaziado.
Há exatos dois anos, publiquei “post†em que reproduzi mensagem enviada ao jornalista Gilson Monteiro, do Globo Niterói (que a repercutiu), referindo-me ao verdadeiro crime cometido contra a população da Grande Niterói (que inclui São Gonçalo) após a fusão dos estados da Guanabara e Rio de Janeiro. Aliás, processo que continua em marcha. Para não me repetir, transcrevo o inteiro teor do referido “postâ€:
“NITERÓI, A FUSÃO E A SEGURANÇA. GLOBO NITERÓI”
Caro Gilson,
O Globo Niterói publicou este domingo importante matéria sobre o aumento da criminalidade no MunicÃpio. Como em outras ocasiões, a população reclama da falta de policiamento, e as autoridades prometem melhorá-lo. E fica combinado assim. Na verdade, depois da fusão, Niterói passou a ser tratada pelos governantes e pela elite polÃtica e intelectual da capital do Estado como uma cidade sem maior importância. O que acontece aqui seria importante apenas para os niteroienses, se tanto. Até no Rio de Janeiro parece que importante mesmo (para toda a Cidade e para o Estado…) seria o que acontece no eixo Copacabana-Ipanema-Leblon-Barra. Os que vivem nesse eixo (nada contra), parecem adotar o lema popular: “Farinha pouca, meu pirão primeiroâ€.
Caro Gilson, somos niteroienses que vimos as “violências†sofridas pela Cidade nos anos que se seguiram à fusão. De lá para cá, enquanto a população aumentava, e aumenta (de estimados 376.033 habitantes em 1975 para 477.919 em 2008), a estrutura de segurança foi sendo desmontada de forma deliberada, e os efetivos policiais deslocados para a Capital e outros lugares. Como demonstro abaixo:
– Ao iniciar-se a fusão, em 1975, o efetivo do 12º Batalhão era de mais de mil componentes. Três décadas depois, foi reduzido para 822. Além do 12º Batalhão, existiam:
– a Ala de Cavalaria, no Fonseca, que executava patrulhamento a cavalo na Cidade, que foi extinta;
– a Companhia de Choque, autônoma, que foi extinta;
– a Companhia de Trânsito, autônoma, que foi extinta;
– a Companhia Escola (no Fonseca, onde se situa hoje o Batalhão de PolÃcia Rodoviária), que formava os PMs, os quais complementavam o policiamento na fase de treinamento. Extinta.
– o 11º Batalhão, em Neves, o qual era importante para Niterói, pois era limÃtrofe e executava a segurança dos presÃdios. Transferido para Friburgo;
– o Batalhão de Serviços Auxiliares (policiais burocratas, empregados nos fins de semana e em eventos extraordinários), também extinto;
Além de tudo isso, não bastasse o esvaziamento do 12º Batalhão, este recebeu posteriormente a incumbência adicional de policiar o municÃpio de Maricá (sic).
Como se vê, quando leio que parlamentares se reúnem com o comandante do Batalhão para pedir providências, não consigo entender. O que pode fazer o comandante do batalhão? Lembro-me, a propósito, de que em 1990, na condição de comandante do 15º Batalhão, Duque de Caxias, recebi ordem (recebida por outros comandantes de batalhões da “periferiaâ€) para, diariamente, preparar uma guarnição de Patamo (melhor viatura e melhores homens) e mandá-la para o batalhão do Leblon. Mandei, mas pedi exoneração do cargo, menos de dois meses após assumir o comando.
Penso que a solução é a classe polÃtica, intelectual e empresarial de Niterói (refiro-me aos que moram aqui) levar o pleito à s autoridades máximas do Estado. Do contrário, é chover no molhado.
Jorge da Silva (cel Jorge)
agosto 3rd, 2009