OLIMPÃADAS NO RIO. OPORTUNIDADE DE INTEGRAÇÃO SOCIAL III
.
A PROFECIA DE ORSON WELLES
Na década de 1940 o cineasta Orson Welles esteve no Brasil para rodar um filme-documentário sobre o carnaval do Rio e os jangadeiros do Nordeste. Certo dia, teria se virado para VinÃcius de Moraes, que o acompanhava pela cidade, e afirmado, a propósito das favelas e seus moradores: “É um Frankenstein, um monstro que vai se voltar contra vocêsâ€.
O filme jamais foi concluÃdo porque, dentre outros entraves, Welles desagradou as autoridades brasileiras (Estado Novo) e setores da intelectualidade por dar ênfase a cenas com negros e favelas. O fato é que Welles teve que interromper as filmagens e nunca mais voltou ao Brasil. Eram tempos em que a sociedade carioca se via harmoniosa, com “cada coisa no seu lugarâ€, como diria Roberto Da Matta. “Arrumadaâ€. Uma perfeita democracia.
OlimpÃadas de 2016. Estamos entre a integração e o aprofundamento do fosso social, pois se nota grande dificuldade de identificarmos (como facilmente identificou Welles) os reais problemas da Cidade, ou melhor, do MunicÃpio… Alguém já disse que a fórmula ideal para não resolver um problema é fingir que ele não existe ou arranjar culpados (o governo, os traficantes etc.); ou fazer como o avestruz.
“Um monstro que vai se voltar contra vocês.†Se considerarmos o quadro insidioso que se formou ao longo do tempo na “cidade partidaâ€, como a viu Zuenir Ventura em 1994, e os problemas que, há mais de duas décadas, atormentam os cariocas (conflitos violentos, apartação social, morticÃnio, tiroteios e balas perdidas e, sobretudo, o medo coletivo), não há dúvida: descontado o epÃteto “monstro”, Orson Welles foi realmente profético.
Alguém dirá: “Nada a ver uma coisa com a outra”. É…
.